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Resenha: BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (Blu-ray)


batman3BDBATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (THE DARK KNIGHT RISES)
Produção: 2012
Duração: 165 min.
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Tom Hardy, Joseph Gordon-Levitt, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Michael Caine
Vídeo: 2.40:1, 1.78:1 (1080p/AVC MPEG-4)
Áudio: Inglês (DTS-HD Master Audio 5.1, Dolby Digital 2.0), Português, Espanhol, Francês (Dolby Digital 5.1)
Legendas: Português, Inglês, Espanhol, Francês
Região: A, B, C
Distribuidora: Warner
Discos: 2 (BD 50GB)
Lançamento: 06/12/2012
Cotações: Som: ***** Imagem: ****½ Filme: **** Extras & Menus: ***½ Geral: **** 

SINOPSE
Passaram-se oito anos desde a morte de Harvey Dent, e Batman desapareceu. Ao assumir a culpa pela morte do promotor, o Cavaleiro das Trevas passou de herói a vilão. Agora, além de lidar com a chegada a Gotham City de uma sedutora e perigosa ladra (Selina Kyle), o alquebrado Homem-Morcego terá de enfrentar o novo líder da Liga das Sombras, Bane (Tom Hardy), um inimigo tão inteligente e habilidoso quanto Batman e cujo plano é destruir a cidade.

COMENTÁRIOS
BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE é o capítulo final da trilogia do diretor Christopher Nolan, iniciada em 2005 com BATMAN BEGINS. E a essa altura acho que nem vale mais a pena opinar se este último filme é pior ou melhor que o excepcional BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (2008), que tem seu maior diferencial na interpretação praticamente irreal do trágica e precocemente falecido Heath Ledger como o Coringa. Interpretação que, aliás, foi postumamente premiada com o Oscar.

Dark Knight Rises

Assim, prefiro me ater ao que este último filme tem de positivo – a Mulher-Gato de Anne Hathaway, que sem dúvida reverteu minhas expectativas, inicialmente negativas, quando soube que a atriz havia sido escalada para viver a ladra Selina Kyle; o Bane do espantosamente bombado Tom Hardy, cuja caracterização não foi uma unanimidade mas a mim convenceu como um oponente formidável para o Batman; Joseph Gordon-Levitt como um personagem que cresce de relevância conforme a trama avança e, por fim, a construção de um arco sólido o suficiente para encerrar com dignidade e, sim, com boa dose de emoção, esta fase do personagem da DC Comics nos cinemas.

Encerramentos de trilogias importantes sempre são complicados, graças principalmente à expectativa que vai sendo gerada ao longo dos anos. O mais satisfatório, de longe, foi O SENHOR DOS ANÉIS – O RETORNO DO REI, mas apesar de não atingir o nível desse já clássico épico de Peter Jackson, o longa de Christopher Nolan é bem satisfatório – ainda que não tenha conquistado a unanimidade do filme anterior. Certamente seria melhor se tivesse uns 20 ou 30 minutos a menos e algumas decisões de roteiro fossem outras, mas essas foram opções artísticas do diretor, que quis fechar o círculo do personagem Bruce Wayne de forma extensiva e caprichada – e, para aqueles que acham que o Batman apareceu pouco no filme, vale lembrar que Bruce Wayne é Batman.

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Principalmente em seu último ato o filme tem ótimos segmentos de ação, nos quais Nolan mescla sua habilidade com filmagens reais e efeitos práticos com o uso de CGI, e a trilha sonora, dessa vez a cabo somente de Hans Zimmer, cria músicas hipnóticas, envolventes e tribais que envelopam os personagens e dão o tom exigido por Nolan. Aqui, também Zimmer encerra o ciclo que tirou o acompanhamento tradicionalmente orquestral do herói, e levou-o para sonoridades mais introspectivas e escuras. Apesar de seus críticos, a música de Zimmer para a trilogia do Cavaleiro das Trevas foi importante e influente, de tal forma que é inconcebível imaginar esses filmes com um acompanhamento luxuriante, como o que Danny Elfman criou para os longas dirigidos por Tim Burton.

Após um final que remete a A ORIGEM, onde muitos poderão questionar se o que está na tela é real ou ilusório, o futuro de Batman nas telonas é uma incógnita. Christian Bale e Nolan declararam que não pretendem retornar ao personagem, que deverá ser um dos protagonistas do filme da LIGA DA JUSTIÇA, que dessa vez parece que vai sair mesmo. Mas venha o que vier, Nolan e sua equipe tiveram o mérito de dedicar ao personagem um trio de filmes que, finalmente, estiveram à altura da importância que ele tem na cultura pop mundial. E acredite, isso não foi fácil.

SOBRE O BD
O Blu-ray duplo de BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE, se em termos de embalagem é inferior ao norte-americano (o estojo HD Case para dois discos não recebeu nem uma merecida luva de cartolina), em conteúdo e especificações técnicas é idêntico a ele – exceto pela ausência do DVD com a dispensável cópia digital (vale referir que a Warner também disponibilizou no Brasil, além de um box com a trilogia do Cavaleiro das Trevas, o gifset da “Máscara Quebrada” equivalente ao lançado nos EUA, mas por um preço que nem o mais fanático adorador do Batman teria coragem de pagar – R$ 399,00).

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Quando lançado em 2008, o BD de BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS provocou polêmicas quanto à sua imagem. Primeiramente porque, como o filme foi rodado com câmeras normais e, em determinadas sequências, com câmeras IMAX, a imagem frequentemente alternava entre as proporções de tela entre os formatos 2.40:1 e 1.78:1, o que para muitos foi considerado um fator de distração; porém o mais grave foi a aplicação desnecessária de filtros digitais – em especial edge enhancement.

Neste capítulo final da trilogia do Cavaleiro das Trevas, o diretor Christopher Nolan novamente empregou o formato IMAX em parte do filme, assim a alternância de aspect ratios mais uma vez foi mantida no Blu-ray. Mas quanto ao resto, a equipe que supervisionou a criação da transferência 1080p/AVC MPEG-4 parece ter aprendido com as críticas, criando uma apresentação visual com níveis de contraste e de detalhes superiores, sem apelar para o uso excessivo de filtros. O material rodado em IMAX, devido à maior resolução e ao acentuado senso de profundidade propiciado pela fonte, é de referência. Apesar de o filme ter tonalidades esmaecidas, as cores, especialmente os tons azuis, são fortes e firmes. Já o material rodado em película 35mm padrão, comparado às cenas IMAX, não possui os mesmos brilho e definição. Mas de modo geral a apresentação de BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE é ótima, não ostentando o grau de manipulação artificial visto no BD de O CAVALEIRO DAS TREVAS.

Dark Knight Rises

No aspecto auditivo, o áudio original em inglês recebeu uma estupenda faixa DTS-HD MA 5.1. Agressiva e com graves bombásticos em seus momentos culminantes, ela é das melhores mixagens com seis canais já lançadas em Blu-ray, que além de sua potência traz uma clareza de sons espetacular – mesmo a problemática voz de Bane, durante os momentos mais barulhentos, se destaca de forma clara e inteligível. Aliás, graças à perfeita equalização do canal central, nada se perde de qualquer diálogo. Os efeitos sonoros são discerníveis individualmente, e sua reprodução pelos canais surround gera um alto grau de imersão, com destaque para as cenas de multidões. A música de Hans Zimmer espalha-se pelo ambiente, com grande presença. É uma faixa de demonstração cujo único defeito é não ser 7.1 – que, no meu entender, deveria ser o novo padrão para o Blu-ray, já que os receivers de nova geração já oferecem configurações com 12 canais, e até mais. E vem aí o sistema Dolby ATMOS, que pode ter até 128 canais… Entre as opções de áudio, também temos uma dispensável faixa em inglês 2.0 e dublagens Dolby Digital 5.1 em português, espanhol e francês – mesmos idiomas das legendas. Os menus, como é praxe nos BDs da Warner, estão apenas em inglês, sendo que o do disco de extras é estático.

EXTRAS
O material extra presente no Blu-ray de BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE é muito bom, mas por termos aqui o capítulo final da trilogia do diretor Christopher Nolan, ele poderia ser mais extenso e abrangente quanto a determinados aspectos. Por exemplo, em nenhum momento se toca no assunto da ausência, no filme, do vilão Coringa. A causa disso, obviamente, foi a morte do seu intérprete, Heath Ledger, mas o personagem, que sobreviveu no final do longa anterior, não é nem citado, enquanto um vilão menor como o Espantalho se faz presente. Sabe-se que Nolan discutiu o assunto com sua equipe e chegou até a incluir no roteiro uma menção sobre o paradeiro do Coringa, que posteriormente foi retirada. Os extras são idênticos aos da edição norte-americana – não há comentários em áudio, e os vídeos estão todos em HD, com áudio em inglês e opção de legendas em português (exceto os trailers). Estou mantendo os títulos em inglês, pois é desta forma que eles estão nos menus:

Disco 1

  • Second Screen Experience – O aplicativo Dark Knight Rises FX pode ser baixado para o seu celular ou tablet, de modo que feita a sincronização dele com seu reprodutor Blu-ray via rede, enquanto assiste ao filme você poderá acessar a conteúdo exclusivo;

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Disco 2

  • The Batmobile (58 min.) – Neste ótimo documentário, engenheiros e profissionais dos quadrinhos e do cinema discutem a história e a evolução do icônico Batmóvel, em suas várias encarnações nas telas (pequenas e grandes);

Behind The Scenes: Ending The Knight – O, digamos assim, “Making Of” do filme é composto por uma série de featurettes (não há opção de assistir a todos em sequência), distribuídos em três seções, que no conjunto somam quase duas horas de duração:

  • Production (68 min.) – Coleção de doze featurettes de produção onde o diretor e membros de sua equipe e elenco discutem cenas importantes, revelam o processo de criação dos efeitos (em sua grande maioria on camera) e outros aspectos da realização do projeto. São eles: “The Prologue: High-Altitude Hijacking”, “Return to the Batcave”, “Beneath Gotham”, “The Bat”, “Batman vs. Bane”, “Armory Accepted” “Gameday Destruction”, “Demolishing a City Street”, “The Pit”, “The Chant”, “The War on Wall Street” e “Race to the Reactor”;
  • Characters (28 min.) – Mais três featurettes, agora sobre personagens – “The Journey of Bruce Wayne”, “Gotham’s Reckoning” e “A Girl’s Gotta Eat” – cada um dedicado, respectivamente, a Bruce Wayne, Bane e Selina Kyle;
  • Reflections (15 min.) – Encerrando os documentários curtos temos “Shadows & Light in Large Format”, sobre o trabalho do diretor de fotografia Wally Pfister, iluminação, locações, cinematografia tradicional vs. IMAX e desenho de produção, e “The End of a Legend”, onde os realizadores se despedem da trilogia do Cavaleiro das Trevas;
  • Trailer Archive (9 min.) – Quatro trailers de cinema;
  • Print Campaign Art Gallery: Encerrando os extras, uma galeria de imagens promocionais.

Jorge Saldanha