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Resenha: TERRA NOVA: 1×12 – Occupation e 1×13 – Resistance


[SPOILERS] “Terra Nova” já despediu-se dos ecrãs norte-americanos (sendo que no Brasil e por cá em Portugal, concretamente na TVI, ainda deve durar mais umas semanas) e apesar de deixar a porta aberta para uma hipotética segunda temporada, cuja concretização é difícil mas não impossível, fecha com relativo sucesso esta sua primeira época (uma época de altos e baixos, é certo).

A verdade é que “Terra Nova” começou insonsa, caiu para o intragável e, na recta final, tornou-se agridoce, tendo conseguido ofuscar mas não livrar-se (daí o agridoce) de algumas limitações (como o fraco desenvolvimento da maior parte dos seus personagens e os plots secundários banais ou demasiado infantis) a partir do momento em que focou as suas atenções na mitologia, a qual, não sendo prodigiosa, é claramente a maior força da série. A grande dúvida agora será se, caso ganhe a tal ansiada segunda temporada, conseguirá aproveitar os avanços destes últimos episódios e utilizá-los como base para definir o caminho que quer percorrer e finalmente estabelecer-se como a série que muita gente quer que ela tivesse sido desde o início.

Nestes dois últimos episódios, a série mantém a o crescendo registado nos últimos tempos e consegue despedir-se na mó de cima, apresentando o melhor que conseguiu oferecer até hoje. Claro que isto dentro da escala de “Terra Nova”, onde a tarefa de se auto-superar não era muito difícil. “Occupation” e “Resistance” são os títulos dos episódios e por aí facilmente se perceberia qual o caminho que a série iria percorrer neste final de temporada: iria dar-se um movimento de Ocupação e, consequentemente, criar-se uma força de Resistência! Ena, esta era difícil…

O mais interessante logo à partida é que, desta feita, os argumentistas parecem não querer perder tempo. A 11.ª Peregrinação começa a atravessar o portal, surgem as pessoas que inicialmente se previam – entre as quais a namoradinha do Josh (Landon Liboiron) – e logo de seguida um homem-bomba que coloca o Jim (Jason O’Mara) e mais uns quantos no hospital e outros na morgue. Num curto espaço de tempo conseguem obliterar uma das linhas narrativas inúteis da temporada (a namoradinha do Josh, que morre devido à explosão) e conseguem jogar uma boa cartada ao dar um salto temporal de três dias para uma Terra Nova devastada pelo ataque das forças do Grupo Phoenix e sob repressão do Lucas (Ashley Zukerman) e dos seus aliados.

Um bom ponto de partida para a storyline principal deste final de temporada, que só pecou por ter demorado muito tempo a chegar e teve uma resolução demasiado rápida. A série vai conseguindo ter boas ideias, sendo que o seu desenvolvimento é que é muitas vezes subaproveitado. Por exemplo, esta história da ocupação de Terra Nova não perderia nada se tivesse durado mais uns episódios. Isso possibilitaria a oportunidade de explorar a série noutra vertente, nomeadamente os esforços da resistência para recuperar aquilo que era seu por direito, havendo espaço de manobra para colocar os personagens num outro cenário a que não estão habituados e assim dar-lhe mais espaço ao desenvolvimento.

Ao ver o episódio não consegui evitar lembrar-me de algo semelhante feito por “Battlestar Galactica”, naqueles que foram para mim quatro dos melhores episódios que tal série nos apresentou, em que houve tempo para explorar a história e, ao mesmo tempo, não a alongou em demasia para que se tornasse saturante. Aqui, apesar de não ser uma má ideia, nunca consegue realmente atingir todo o seu potencial. Há uma boa fase de introdução e uma boa fase de conclusão, mas precisava de uma maior fase de desenvolvimento para ser mais incisiva.

Outro problema está relacionado com o facto de como alguns aspectos são deixados ao desleixo (o que não é de estranhar nesta série…), nomeadamente deixar alguém como o Jim, aquele que nos últimos tempos se tornou o braço-direito do Taylor (Stephen Lang), sem qualquer supervisão no momento em que ele está na enfermaria. Mesmo que o Lucas ainda não o conheça muito bem, a verdade é que a Mira (Christine Adams) já tinha tido contacto mais que suficiente com ele para saber do que ele era capaz e deixar sem qualquer supervisão alguém que consegue fazer a diferença não é algo que eu reveja em pessoas supostamente dotadas de alguma (bastante) inteligência.

O que a série fez com sucesso nestes dois episódios foi ter aproveitado alguns momentos de catarse dos e em relação aos personagens. O Taylor que consegue perdoar o filho apesar de tudo. A Skye (Allison Miller) que precisava de mostrar que podiam voltar a confiar nela. O Josh a mostrar que não é apenas um fedelho e pode ser útil a esta série. O Malcolm (Rod Hallett) que, felizmente, não se tornou no vendido que certamente muitos esperariam que ele se tornasse assim que as tropas atravessassem o portal. Só é pena que a morte da Washington (Simone Kessell) não tenha tido mais impacto pelo simples facto da personagem ter sido completamente subdesenvolvida e desaproveitada. É difícil sentir compaixão por uma personagem que pouco se conhece. A ligação a ela era ténue e a sua morte, por mais chocante que a cena quisesse ser, acaba por mais passível do que deveria ser.

Outro aspecto a destacar é que finalmente a série parece ter perdido o medo de assumir riscos. A decisão de destruir qualquer ligação com o futuro dá à série uma imensidão de possibilidades. Uma das maiores críticas que se pode fazer à série desde o início é que para peregrinos colocados num mundo desconhecido e recheado de perigos nunca transpareceu verdadeiramente o sentimento de perigo (um exemplo: a Skye no episódio anterior foi à noite ter ao acampamento dos Sixers sem qualquer problema!). Talvez agora sem terem acesso a todos os confortos que o futuro lhes permitia (medicamentos, tecnologia, armamento) esse sentimento possa finalmente começar a existir (isto se a série for renovada e se os argumentistas quiserem verdadeiramente seguir esse caminho, o que são duas grandes dúvidas neste momento).

O final do episódio trouxe ainda um novo mistério para uma possível mas dificilmente concretizável segunda temporada (se bem que surgiram notícias de que os produtores da série decidiram accionar a opção dos contratos de Jason O’Mara e Stephen Lang para os manter na série e assim salvaguardar uma possível nova temporada). Na zona denominada “Badlands”, onde supostamente não existe nada de relevante, os homens do Grupo Phoenix descobriram uma daquelas figuras esculpidas em madeira que eram comummente usadas na proa dos galeões dos séculos XVI, XVII e XVIII. Eu gosto das potencialidades do mistério mas estou convicto que o terei desvendado logo assim que nos é dado a conhecer o que tinha sido encontrado nas Badlands e que o que restava dos Sixers e do Grupo Phoenix se estava a dirigir para lá. E até é uma teoria bastante fácil de congeminar.

Ora, temos os destroços dum barco encontrados milhões de anos antes da sua existência. Os barcos andam no mar (duh!). E que local desde há muito é fonte de folclore envolvendo barcos desaparecidos sem deixarem rasto? Pois, é esse mesmo que certamente estão a pensar neste momento. O Triângulo das Bermudas. A minha aposta é que esta descoberta significa que existe uma outra fenda temporal nas Badlands (com ligação directa ao Triângulo das Bermudas) e daí o Lucas e companhia terem decidido partir em direcção às Badlands assim que ficaram a saber que tinham ficado presos no passado. Se estarei certo ou errado, só o futuro o dirá. Ou então nunca iremos saber.

Tirando alguns diálogos básicos e outros a roçar o ridículo, o que continua a ser uma das grandes pechas da série, algumas cenas desnecessárias (o assassinato do brontossauro, que serviu apenas para dizer “sim, estes gajos são mesmo vilões!”) e outras algo ridículas apesar de divertidas (toda a gente a acreditar que o Jim estava mentalmente debilitado, não por não possível mas pela forma como, excepto a Mira, ninguém suspeitou que ele estivesse realmente a fingir; as coordenadas da localização da resistência inscritas nas balas; o plano do Jim que passa por levar um T-Rex sedado dentro de um contentor para o futuro!), bem como tudo o resto que já mencionei acima, “Terra Nova” conseguiu terminar a sua primeira temporada (e, quem sabe, a última) com a promessa que hoje está mais perto da série idealizada por muita gente do que estava há um tempo. E isto deve ser visto como algo positivo.

ZB
Via [TVDependente]

4 comentários em “Resenha: TERRA NOVA: 1×12 – Occupation e 1×13 – Resistance

  1. Paulo Cirino

    Se a série continuar, com certeza en BaDLANDS vai haver uma “janela” de saida do passadp. Onde naturalmente Lucas vaio achar um jeito de voltar para 2149. Realmente comnforme a resenha falou, acreditar que Ji, estava incapacitado foi ruim de negolir; o jeito como ele siau da cidade (debaixo de uma lona!!!!); a sabotagem do terminus, coisa mais óbvia; Lucas leva dois ou tre tiros, e sai sem ninguem operceber?!?!?!?!?!. Cara, é dificil de engolir um “roteiro” destes. Uma pena! Poderia ter surgido um série, senão inovadora, pelo menos inteligente!
    Ons.: é impressão minha ou tem algumas coisas “inspiradas” em outras séries: o portal do tempo, que é quase um Stargate; o barco que aparece no passado, “a la Lost”; o tal Plaza, que era a cara do Tunel do Tempo (o corredor que levava a sala do tunel: e outras coisas aqui e ali……

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  2. Jozi Santos

    Eu achei muito bom o final e também gostei da série, ainda que, concorde com algumas “infantilidades”. De qualquer modo, não gosto de ser muito exigente, partindo do princípio que se trata simplesmente de uma ficção. Eu realmente espero que tenha pelo menos uma segunda temporada. Eu assisto com meu filho de 4 anos e a série despertou o interesse dele, então…

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  3. Anselmo Filgueiras

    É uma série light, a cada filme da série uma histórinha infantil, mas no final da primeira temporada a série deu uma esquentadinha, não sei se vai ter a segunda temporada, espero que seja bem melhor que a primeira.

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  4. Pingback: Renovações de séries: TERRA NOVA poderá voltar, FRINGE a perigo (de novo) | SCI FI do Brasil

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