Filmes Review - Trilhas Sonoras

Resenha: THE DARK KNIGHT RISES – Hans Zimmer (Trilha Sonora)


Música composta por Hans Zimmer
Selo: WaterTower Music
Catálogo: WTM 39313
Lançamento: 17/07/2012
Cotação: ****

Para o reinício da franquia do famoso herói Batman, o diretor Christopher Nolan escolheu o controverso Hans Zimmer para compor a trilha sonora. As partituras de Batman Begins e Batman – O Cavaleiro das Trevas provocaram polêmica, primeiramente pela decisão de Zimmer em chamar o colega James Newton Howard para ser seu “co-compositor”. Além disso, as experimentações da dupla nos scores provocaram reações divididas da crítica e do público: enquanto os mais conservadores criticaram o tom sombrio e melancólico (diferindo bastante, assim, da clássica partitura de Danny Elfman para o filme de 1989, que preferiu investir num tema marcante para o Homem-Morcego), outros abraçaram e elogiaram esse mesmo estilo.

E não será diferente com o score desse Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Afinal, esta é uma partitura muito parecida com as duas anteriores, com a diferença de que, dessa vez, Hans Zimmer é o único compositor. Assim como nas trilhas anteriores, esse score fará uso de uma mistura de música orquestral com instrumentos e efeitos eletrônicos, além das polêmicas experimentações típicas do músico alemão. Felizmente, a trilha de O Cavaleiro das Trevas Ressurge consegue superar as de seus antecessores, sendo um trabalho mais coeso, mais forte.

Talvez isso se deva à ausência de Howard. Não que o compositor de O Último Mestre do Ar seja ruim, muito pelo contrário. Porém, em Batman Begins, quando ele e Zimmer trabalharam literalmente lado a lado, a impressão que tivemos foi de que os músicos não deram tudo de si, com o talento de um inibindo o do outro. O resultado foi uma trilha que, apesar de alguns ótimos momentos, ficou  aquém da capacidade dos dois. Já em O Cavaleiro das Trevas, quando os dois se separaram para se focar em aspectos diferentes do longa, ouvimos uma partitura melhor e mais marcante. Para este O Cavaleiro das Trevas Ressurge, que encerra a trilogia, Zimmer, como único responsável, se saiu ligeiramente melhor do que na anterior, ao nos entregar uma trilha cuja audição em disco soa melhor do que as outras da franquia. E, se os scores para a trilogia do Cruzado de Capa dificilmente podem ser considerados entre os melhores da carreira do alemão (ele se saiu melhor em Gladiador, O Último Samurai, Piratas do Caribe: No Fim do Mundo e A Origem, entre outras, só para citar seus trabalhos na última década), pelo menos podemos perceber a evolução nos seus trabalhos para a franquia.

A partitura se inicia com “A Storm Is Coming”, uma faixa curta, dominada por efeitos eletrônicos, inclusive aquele que simula o bater de asas de um morcego. Em seguida, ouvimos “On Thin Ice”, que pode ser considerada um dos destaques dessa trilha. Aqui, ouvimos o motivo de duas notas do herói interpretado inicialmente em sintetizadores, e em seguida pelas cordas, desenvolvendo-se em uma bela passagem melancólica. “Gotham’s Reckoning”, a terceira faixa, possui uma constante percussão acompanhando a orquestra e os efeitos eletrônicos, de maneira que lembra “Mombasa”, da trilha de Inception. Aqui, somos apresentados pela primeira vez ao “tema” do vilão Bane: um canto de guerra “selvagem”, acompanhado pela percussão e, a seguir, pelos instrumentos de sopro e guitarra, terminando num violento crescendo, a cargo de toda a orquestra. Esse cântico pode ser ouvido durante os trailers do filme, e logo ficou famoso na internet. “Mind If I Cut It In?” apresenta uma melodia misteriosa no piano, acompanhado pelas cordas e por uma sutil percussão, lembrando o estilo do compositor para os dois Sherlock Holmes. O álbum prossegue com “Underground Army”, faixa repleta de tensão, conduzida por percussão eletrônica e pelos instrumentos de sopro, que interpretam sutilmente o refrão do herói; e “Born In Darkness”, que possui um clima triste e melancólico.

“The Fire Rises”, por sua vez, inicia-se com toda a orquestra interpretando uma melodia enérgica, carregada de suspense, cuja orquestração nos traz à memória “The Kraken”, do score de Piratas do Caribe: O Baú da Morte. A faixa fica mais atmosférica, a seguir, antes de retornar ao tenso ritmo inicial. Em seguida, temos a interessante “Nothing Out There”, que parece incorporar o estilo tanto de Zimmer quanto de Howard para os filmes anteriores. Em sua primeira metade a orquestra, com acompanhamento eletrônico, executa um motivo misterioso e repleto de suspense, com destaque para as cordas e a trompa, o que remete às partituras anteriores da franquia. Já na segunda metade, uma melodia melancólica, a cargo do piano e das cordas, aparenta ser uma pequena homenagem do compositor alemão ao seu ex-parceiro, pois lembra a sonoridade presente nos trechos dos scores de Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas pertencentes à Howard.

Em “Despair”, temos a volta de vários elementos presentes nas trilhas anteriores, como o efeito eletrônico que reproduz as asas de um morcego, e o tema de duas notas do Batman, interpretado pelos instrumentos de sopro. “Fear Will Find You”, outra boa faixa de ação, utiliza motivos do herói e de Bane quase simultaneamente, representando o duelo entre o bem e o mal. A décima primeira faixa, “Why Do We Fall?”, apresenta um crescendo dramático interpretado por toda a orquestra que culmina numa épica apresentação do motivo do Homem Morcego. Na seqüência, “Death By Exile” é uma faixa curtíssima, dominada por efeitos eletrônicos. Já ao final do álbum, temos a poderosa “Imagine the Fire”, uma épica faixa de ação. Aqui, a orquestra, com destaque para a percussão, bem como os sintetizadores e os efeitos eletrônicos, dão o acompanhamento certo para o embate final entre heróis e vilões. Motivos anteriores do Batman, bem como outros relacionados a Bane, são resgatados e postos para duelar, bem como na décima faixa. Os violinos e violas executam acompanhamentos de ritmos rápidos, enquanto os instrumentos de sopro e as cordas graves interpretam uma melodia forte. Na seqüência, “Necessary Evil” retoma motivos das trilhas anteriores, e finaliza com uma passagem melancólica a cargo de sintetizadores.

A última faixa, “Rise”, pode ser considerada, sem sombra de dúvidas, como a melhor de todo o álbum. Ela inicia-se como uma faixa de ação, bem no estilo das anteriores, antes de iniciar uma passagem triste, interpretada por uma soprano. Em seguida, o tom muda para uma elegia melancólica, como as ouvidas em O Último Samurai e Além da Linha Vermelha. Aqui, a orquestra, com destaque para as cordas, executa uma melodia que pode ser considerada uma versão “alongada” daquela ouvida no final do filme anterior, durante o discurso de Batman (no álbum, o início da faixa “A Dark Knight”). Com um tom de réquiem, “Rise” se encerra de maneira épica, de maneira a representar o fim da saga do Cavaleiro das Trevas.

Com seus defeitos e acertos, as trilhas para a franquia do Batman dirigida por Christopher Nolan representaram bem a visão do diretor para o herói e influenciaram outros trabalhos para filmes do gênero (como provam os scores de Thor, Homem de Ferro e X-Men: Primeira Classe, compostos por Patrick Doyle, Ramin Djawadi e Henry Jackman, respectivamente). Para encerrar a saga do herói vivido por Christian Bale, Hans Zimmer se despede do Batman com uma trilha inteligente e dinâmica, superior às partituras para os filmes anteriores da trilogia. Agora é aguardar pelo que ele planeja para o Superman

Faixas:

1. A Storm Is Coming
2. On Thin Ice
3. Gotham’s Reckoning
4. Mind If I Cut In?
5. Underground Army
6. Born In Darkness
7. The Fire Rises
8. Nothing Out There
9. Despair
10. Fear Will Find You
11. Why Do We Fall?
12. Death By Exile
13. Imagine The Fire
14. Necessary Evil
15. Rise

Duração: 51:20

Tiago Rangel
[via ScoreTrack.net]

16 comentários em “Resenha: THE DARK KNIGHT RISES – Hans Zimmer (Trilha Sonora)

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  2. Uma excelente trilha e realmente Hans Zimmer mais uma vez acerta em construir este terceiro album. Me surpreendeu muito pela sua superação. E falou certo: dinâmico e inteligente. Permanecendo uma trilha legítima em muitos momentos, sem remeter os trabalhos do primeiro e segundo capítulo. Apenas quando necessário, como uma pequena homenagem aos anteriores, sem nenhum excesso.

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