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Review de Filme: REBEL MOON – PARTE 2: A MARCADORA DE CICATRIZES


Rebel Moon – Part 2: The Scargiver, EUA, 2024
Gênero: Ficção Científica
Duração: 122 min.
Elenco: Sofia Boutella, Djimon Hounsou, Ed Skrein, Michiel Huisman, Doona Bae, Anthony Hopkins, Staz Nair, Fra Fee, Cary Elwes, E. Duffy, Cleopatra Coleman, Charlotte Maggi, Alfonso Herrera, Stella Grace Fitzgerald
Trilha Sonora Original: Tom Holkenborg
Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad, Shay Hatten
Direção: Zack Snyder
Cotação: 2,0/5,0

ATENÇÃO, contém SPOILERS!

Sim, achei Rebel Moon: Parte 2 – A Marcadora de Cicatrizes melhor que o primeiro filme, cuja trama é resumida já nos primeiros segundos pela narração de Anthony Hopkins. Tanto que mereceu o dobro da nota que dei para a Parte 1 – e mesmo assim não passa de míseros 2 de 5 pontos. Temos uma trama mais coesa, um pouco mais de exposição de personagens, uma trilha mais inspirada de Tom Holkenborg e alguns momentos de ação decentes, porém o que se sobressai é um monte de clichês, cenas mal realizadas ou até mesmo desnecessárias e furos de roteiro que nos levam a fazer a pergunta óbvia – porque em A Menina do Fogo os fazendeiros de Veldt simplesmente não entregaram logo os malditos grãos para o Almirante Atticus Noble (Ed Skrein), evitando assim um monte de mortes desnecessárias?

Bem, a resposta também é óbvia: eles não fizeram isso para que Zack Snyder pudesse nos brindar com horas de diálogos primários, batalhas e combates mano a mano repletos de cenas em câmera lenta, poses pseudo-bacanas e um desfile de personagens rasos que, exceto pelo já citado vilão sádico de Ed Skrein, não causam impressão alguma no espectador. Ah sim, e falando em câmera lenta temos aqui novamente os malfadados grãos (mais precisamente sua colheita) em slow motion. Ou seja, esprema tudo isso, retire o que você já viu em muitas outras (e melhores) aventuras de ficção científica espacial e o que sobra de aproveitável é muito pouco.

Pelo menos A Marcadora de Cicatrizes é um filme menos chato, até porque é mais curto que o anterior e precisa empurrar a trama até sua previsível conclusão. Mas a insistência de Snyder em enfatizar que ele é um produto originalmente concebido para a franquia Star Wars, ainda que mais adulto e sério, incomoda. E dê-lhe chupação de Os Sete Samurais (uma das inspirações de George Lucas), duelos de “sabres de luz” e caças rebeldes salvando os heróis no último momento. Sem falar nas “homenagens” a outras obras, como a notável semelhança do encouraçado de Noble com o Yamato de Patrulha Estelar.

Zack tentou aqui inserir um pouco de substância à equipe de Kora (Sofia Boutella), criando um momento para que expusessem seus motivos para se juntar à defesa dos camponeses, e sem surpresa cada um revela ter tido a vida destruída pelo Império. Mas a maneira escolhida para fazer isso – literalmente uma pausa na história – é forçada e falha em criar alguma empatia por esses personagens. Djimon Hounsou tenta impor o General/Gladiador Titus com seu olhar e discurso motivador, mas convenhamos – que poder de motivação tem um sujeito que os fazendeiros acabaram de conhecer? Nemesis, a “Jedi” vivida por Doona Bae, desta vez até fala alguma coisa e ganha um interessante flashback, mas logo é descartada quando a ação realmente começa.

Sofia Boutella consegue dar um pouco mais de dramaticidade à sua interpretação de Kora/Arthelais, mas não justifica o protagonismo da sua personagem. Gunnar (Michiel Huisman) pelo menos faz algo útil – morre – e chegamos a Jimmy, o robô desertor do Império/narrador dublado por Anthony Hopkins que tem uma curta participação no primeiro filme, desaparece e que aqui de tempos em tempos o vemos observando os acontecimentos de longe – sinal de que algo melhor está reservado para ele, certo? Errado. Na batalha final ele surge para derrotar sozinho alguns soldados e um “walker” e mostra ser praticamente invencível, com agilidade de super-herói e sua armadura invulnerável a disparos. E tudo isso para nada, já que depois dessa rápida cena ele só vai reaparecer depois que a luta acabou. Detalhe: mesmo com uma tecnologia dessas à mão o “esperto” Império utiliza apenas soldados humanos na guerra, quando meia dúzia de Jimmys facilmente derrotaria os rebeldes.

O filme conclui o arco de Veldt, mas com a promessa de uma nova missão para o próximo: a busca pela Princesa que Kora pensava ter assassinado, mas que como Titus revela, está bem viva. Se ele sabia disso o tempo todo, vá entender porque ele não disse isso antes. Enfim, além de estar preparando as versões estendidas das duas partes já lançadas, Snyder anunciou (ou ameaçou) que tem planos para pelo menos mais quatro aventuras. Resta saber se a Netflix estará disposta a continuar jogando dinheiro fora com o “visionário” que, tristemente, parece não enxergar a ruindade de seus últimos filmes.

Jorge Saldanha

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