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Review de Série: SILO – 1ª Temporada


Silo – Season 1 (2023)
Elenco: Rebecca Ferguson, Tim Robbins, David Oyelowo, Chinaza Uche, Rashida Jones, Common, Harriet Walter, Ferdinand Kingsley, Avi Nash, Iain Glen
Criação: Graham Yost
Direção: Vários
Cotação: 3,5/5,0

ATENÇÃO: caso você ainda não tenha assistido à primeira temporada de Silo, o texto a seguir contém SPOILERS

SINOPSE
Em um futuro destruído e tóxico, existe uma comunidade dentro de um gigantesco silo subterrâneo com mais de cem andares. Lá, dez mil homens, mulheres e crianças vivem numa sociedade cheia de regras que acreditam existir para protegê-los. Ninguém sabe quando ou por que o silo foi construído, a posse de artefatos tecnológicos antigos é considerada crime e quem tenta descobrir a verdade sobre o mundo exterior enfrenta consequências fatais. No entanto, ao investigar a morte do seu amante, Juliette (Rebecca Ferguson) se depara com mistérios e fatos desconcertantes.

COMENTÁRIOS
A Apple segue com Silo sua tradição de produzir séries de ficção científica de qualidade, tais como See, Invasion e Fundação. Ainda que ache as críticas exageradamente positivas, é inegável que este drama distópico baseado numa série de livros de Hugh Howey, iniciada em 2011, tem um conceito interessante, uma trama bem contada (ainda que a quantidade de episódios desta 1ª temporada pudesse ser perfeitamente reduzida) e um elenco afiadíssimo, onde brilha Rebecca Ferguson (também creditada como produtora executiva). Na temporada inicial somos apresentados à engenheira mecânica Juliette Nichols (Ferguson), indicada como xerife depois que seu antecessor, Holston Becker (David Oyelowo), pede para sair do silo naquela que é conhecida como cerimônia da “limpeza”, e que mesmo com um traje protetor morre no exterior.

Juliette (Rebecca Ferguson): de mecânica a xerife

Nichols investiga a morte supostamente acidental de seu interesse amoroso, George Wilkins (Ferdinand Kingsley), a partir de pistas deixadas por ele e Holston. Sua busca por respostas a faz descobrir um grupo de pessoas que acreditam que o exterior, ao contrário do que afirmam as autoridades, é habitável, e ela entra em conflito com o chefe de segurança Robert Sims (Common). Ela pensa contar com o apoio do prefeito Bernard Holland (Tim Robbins), porém ele e Sims a fazem cair numa armadilha que faz com que seja expulsa para o exterior. Por sorte, seus ex-colegas da Mecânica lhe forneceram um traje com melhor vedação para explorar as cercanias do silo que, como ela rapidamente constata, são realmente inabitáveis. A cena final mostra Juliette aproximando-se das entradas para vários outros silos.

Silo, como entretenimento, é bem cativante, ainda que esteja longe de ser original. Seu próprio conceito e a utilização de tecnologias retro-futuristas lembram bastante a franquia de videogames Fallout (que está sendo adaptada pela Amazon). E antes da série já houve, tanto no cinema como na TV, muitas outras narrativas de sociedades isoladas em um futuro pós apocalíptico onde nem tudo é o que parece. O que realmente é original é a forma como o showrunner Graham Yost e seus roteiristas conduzem os elementos de mistério da trama, fornecendo algumas respostas e deixando outras para a já confirmada 2ª temporada ao mesmo tempo em que outras perguntas, ainda mais intrigantes (e interessantes), são levantadas.

Tanto os roteiristas como os diretores dos episódios – estes incluindo nomes como Morten Tyldum, David Semel e Adam Bernstein – conduzem bem esses mistérios sem esquecer do desenvolvimento dos personagens, que passa pelo sofrimento reprimido de Nichols pela morte de George, seus conflitos não resolvidos com o pai, o Dr. Pete Nichols (Iain Glen) e a luta de seu imediato Paul Billings (Chinaza Uche) contra uma doença degenerativa que mantém em segredo. Mas apesar de todo o esforço o espectador sente uma certa falta de emoção em tudo isso. De forma proposital ou não, tanto a narrativa como a maior parte dos personagens se mostram carentes de maiores emoções, quase tão frios e acinzentados como o próprio silo.

O desenho de produção de Silo literalmente rouba a cena

Felizmente nos identificamos com alguns personagens graças aos grandes atores e atrizes que os interpretam. Ferguson é indiscutivelmente uma ótima protagonista, Common deixa uma forte impressão como o suave e ameaçador Sims, e Tim Robbins é mais do que eficiente como o dúbio Holland. David Oyelowo (Holston) e Rashida Jones (sua esposa Allison) também merecem reconhecimento por conduzirem seus personagens por um romance cujo final trágico chega já no início da temporada (e que poderia ser mais desenvolvido).

Quanto aos aspectos técnicos, a série possui um desenho de produção impecável, que nos coloca no interior do imenso e aglomerado silo, com uma estética retro futurística autêntica e crível. Já os efeitos visuais, realistas, se combinam de forma imperceptível com as cenas live action – pelo menos até as tomadas finais, que mostram uma paisagem devastada obviamente feita em CGI. Porém o que realmente importa, no final das contas, é que a 1ª temporada de Silo foi uma interessante introdução a esta realidade distópica, e que o gancho deixado em sua conclusão prepara o terreno para um segmento onde nos aprofundaremos ainda mais nos mistérios deste nada admirável mundo novo e que tem tudo para ser mais empolgante.

Jorge Saldanha

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