Sci-Fi News

Resenha de Série: A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL


The Haunting of Hill House (2018)
Elenco: Michiel Huisman, Carla Gugino, Henry Thomas, Elizabeth Reaser, Oliver Jackson-Cohen, Kate Siegel, Victoria Pedretti, Lulu Wilson, Mckenna Grace, Paxton Singleton, Julian Hilliard, Violet McGraw, Timothy Hutton
Roteiro: Vários
Direção: Mike Flanagan
Cotação: 4,5/5

Talvez o cineasta especializado no gênero horror mais brilhante da nova geração, levando em consideração a quantidade e a qualidade de seus trabalhos, Mike Flanagan encontra na série (ou seria uma minissérie?) da Netflix A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL (2018) o seu ponto alto, por mais que encontremos no desenvolvimento da narrativa, principalmente em sua conclusão, uma ou outra irregularidade. Mas é muito pouco mesmo diante de tanta segurança e tanta sensibilidade na condução da narrativa e dos personagens.

O traço de autorialidade de Flanagan se apresenta no seu interesse por questões familiares, já presentes em filmes como O ESPELHO (2013), O SONO DA MORTE (2016) e JOGO PERIGOSO (2017), também uma produção da Netflix e talvez seu trabalho menos inspirado – mas, ainda assim, uma obra que, mesmo sabendo lidar com o medo muito bem, traz um debate sobre o abuso sexual infantil como principal elemento.

Baseada na clássica obra de Shirley Jackson, A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL impressiona por convidar o espectador para ver uma história de terror, mas que o segura mesmo pelo excelente roteiro que privilegia os dramas dos personagens, que são apresentados e aprofundados um a um ao longo dos episódios. Além de ter o mérito de conseguir lidar com tantos personagens, há duas ou três linhas temporais sendo contadas. Há a história no passado, ligada à tragédia e ao mistério que puseram fim à vida da matriarca da família (Carla Gugino), e há a história no presente, com todos os personagens já adultos.

Tanto os atores crianças quanto os adultos são muito bons. Especial destaque para Kate Siegel, atriz presente em vários trabalhos de Flanagan. Ela interpreta Theo, que desde criança percebe que tem uma sensibilidade nas mãos, sendo capaz de saber o que aconteceu apenas tocando em algo. Por isso usa sempre luvas. Ela também prefere evitar abraços ou aproximações, o que prejudica sua vida íntima e a torna muito solitária.

Não é apenas Kate Siegel que aparece em vários filmes de Flanagan. Henry Thomas e Carla Gugino, que interpretam os pais da família, estiveram em JOGO PERIGOSO; e Lulu Wilson e Elizabeth Reaser, a Shirley nos estágios criança e adulto, estão ambas em OUIJA – ORIGEM DO MAL (2016). Assim, o clima de familiaridade também se estende aos rostos dos atores e atrizes da série.

A trama, cheia de idas e vindas no tempo, mostra as consequências nas vidas de uma família após eventos sobrenaturais ocorridos em uma casa mal assombrada, a Residência Hill do título. Assim, aos poucos vamos conhecendo os eventos a partir dos pontos de vista de cada um dos membros da família. Embora todos os episódios sejam muito bons, é possível destacar alguns dos mais impressionantes: “A Moça do Pescoço Torto”, que lida com o mistério da assombração que atormenta a caçula da família, Nell; e o episódio em que toda a família se reúne pouco antes do sepultamento da irmã, em uma noite tempestuosa.

Se no ano passado a melhor série da Netflix foi o thriller MINDHUNTER, neste ano o serviço de streaming surpreende com uma forte candidata a melhor série de horror já produzida.

Ailton Monteiro

0 comentário em “Resenha de Série: A MALDIÇÃO DA RESIDÊNCIA HILL

Comente o conteúdo da postagem

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.