Review - Séries

Resenha: Falling Skies: 1×01/1×02 – Live and Learn/The Armory


[SPOILERS] O fascínio de Steven Spielberg pela temática em torno de raças extraterrestres e as eventuais investidas dessas civilizações na nossa realidade é algo deveras conhecido. Por isso, não é de estranhar ver o nome de tal senhor associado a esta nova série do TNT. “Falling Skies”, que estreou no Brasil na última sexta-feira via TNT e Space e chega a Portugal em Setembro através do Syfy, transporta-nos para seis meses após a Terra ter sido invadida por uma raça alienígena, os Skitters (que trazem consigo para ajudar na conquista do planeta uma “raça” de robôs, os Mechs). Claro que se formou uma resistência (que estranhamente se move à luz do dia sem grande receio de serem detectados pelo inimigo) e claro que essa resistência é liderada por militares, mas tem alguns civis (incluindo miúdos de 13 anos) a servir como combatentes, e claro que o herói da história é alguém que era um vulgar cidadão que de repente se viu transformado num lutador de modo a defender o que resta da sua família. Além disso, parece que os aliens têm uma predilecção por miúdos e os andam a utilizar como hospedeiros (ou algo do género certamente a descobrir no futuro) para algo.

Live and Learn

“Live and Learn” serve a série como um piloto deve servir: introduz eficazmente o universo em que a mesma se estabelece e apresenta-nos as personagens cuja companhia vamos partilhar ao longo dos próximos tempos. Além disso, consegue uma mistura saudável entre exposição ao universo e aos personagens e a porção de acção que séries deste género requerem, e os efeitos especiais, que são parte integral em qualquer série de ficção científica, são melhor conseguidos do que as primeiras imagens que surgiram da série pela Internet fora faziam prever (não parecem completamente falsos como acontecia, por exemplo, na nova versão de “V”). O problema maior que lhe identifico é realmente a falta de originalidade. Temos, tal como já referi, todos aqueles lugares-comum do costume e ainda há espaço para criar um triângulo amoroso entre adolescentes (oh joy…), a bela médica que parece ter uma ligação especial com o protagonista mas cuja relação, por enquanto, parece não querer sair do campo da amizade, os militares que vêem os civis quase como meros empecilhos, e etc., etc. Enfim, nada que nunca antes não se tivesse visto. Porém, tentar ser original nem sempre é fácil nos dias de hoje e o facto destes primeiros episódios estarem demasiado assentes em “mais do mesmo”, nada impede que a série consiga subir de patamar. As personagens são relacionáveis o suficiente e existe mitologia a querer despontar (por exemplo, aquela ideia lançada sobre o porquê dos Mechs terem aparentemente sido feitos mais à semelhança dos humanos do que dos próprios Skitters suscitou-me algum interesse, talvez mais até que toda a história dos miúdos raptados), por isso, dependerá muito da direcção que a história tomar para que “Falling Skies” se estabeleça num nível de qualidade superior ao que demonstrou aqui.

The Armory

Antes de apresentar ao mundo “Justified”, Graham Yost passou três meses a escrever e produzir episódios de “Falling Skies” (o piloto da série do TNT demorou um ano e meio entre o tempo que o canal deu luz verde à série e o dia em que ele finalmente foi exibido) e este “The Armory” é um dos episódios que ele escreveu. Em termos de diálogos, senti claramente uma melhoria relativamente ao piloto, mas o problema maior foi a própria história, o típico “heróis da história encontram outros resistentes que de heróis não têm nada”. Há poucos meses, “The Walking Dead” fez algo semelhante, se bem que com uma reviravoltazinha, e quem procurar filmes do género (invasões alienígenas, apocalipse zombie e outros tais) de certeza que encontrará uma boa quantidade deles que a determinado momento do plot exploram este aspecto (o de que os criminosos também fazem resistência ou tentam sobreviver, mas sempre à sua maneira). Ainda assim, e mesmo que tenha deixado a sensação de déjà vu, este episódio trouxe algo à série que a pode servir no futuro, dependendo claro de se a aposta seja para continuar (e parece que é). Falo, pois claro, da introdução de duas personagens, o John Pope (Colin Cunningham) e a Maggie (Sarah Carter), que neste primeiro contacto com a série parecem ser algo distintos dos restantes, não só porque são claramente anti-heróis, especialmente o primeiro, como parecem ser uma representação mais credível de alguém que tem vivido um autêntico Inferno na Terra quando comparados com o grupo principal.

No geral, “Falling Skies” parece querer esforçar-se para ser mais do que «entretenimento de Verão» e estar a tentar lutar por um lugar no panteão das grandes séries de ficção científica, mas, pelo menos para já, falta-lhe profundidade, e especialmente alguma originalidade, para conseguir sequer pensar em rivalizar com algumas grandes séries dentro do género que todos nós conhecemos.

ZB
Via [TVDependente]

10 comentários em “Resenha: Falling Skies: 1×01/1×02 – Live and Learn/The Armory

  1. Falling Skies (FS) é evidentemente decepcionante.

    É impressão minha ou o Spielberg andou assistindo V, vendo o universo dos Warhammers (mech e afins) e faltou as aulas de fisica e de estratégia militar?

    A história lembra-se o período depois de que os terráqueos brigam com os extras em “V”… aliás terminou por falta de público.

    O universo dos Warhammers e afins você tem o Mechwarriors (similar, não?). A explicação do FS de eram bipedes para parecer com os humanos doeu muito…

    Fisica porque com uma lata de atum a mulher diz que vai alimentar o pessoal (lê-se 200 civis e 100 militares). É SciFi e não um seriado de milagres.

    E finalmente de conceitos militares, como foi mencionado, “é melhor andar durante o dia”. Sem comentários!!!

    Um pouco de criatividade seria bem conveniente.

    Acredito que ainda estamos orfãos de seriados SciFi.

    P.S.: vocês viram que os robos de vigilância parecem com os do Termination Salvation???

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  2. De fato originalidade não é o forte de Falling Skies, que se “inspira” em muitas franquias sci fi, em especial as citadas “V” e Terminator. Mas é meio cedo para um julgamento mais áspero. O principal, que são os personagens, não estão ainda muito bem estabelecidos.

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    • O desenvolvimento dos personagens leva tempo, certamente. As vezes quase uma temporada inteira (vide StarTrek-TOS).

      Mas se o principio da série está calcado em outras séries recentes e que, de certa forma, tiveram seu esgotamente momentâneo é passível de acharmos que ela não terá muito futuro.

      Tenho esperança de que mude. mas mude muito. Rss.

      Aliás os produtores sabem disso e foram prudentes em conceber apenas 10 episódios como ‘temporada’.

      [ ]s

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  3. Paulo Cirino

    Desculpém os fas de Spilberg, mas não sei se este seriado “decola”. Muito cliche, bebeu de varias fontes, e de fato tem umas situações absurdas (os caras se escondem dos alienigenas, e acendem uma FOGUEIRA, que pode ser vista a kilometros – a mais os aliens naõ enxergam! – mas o carinha não disse que eles sentem o calor?; o esquadrão do cara é facilmente capturado por bandidos!?!?). Só espero qe Terra Nova, seja um pouco mais criativo (apesar de não esperar muito). Mas é apenas o começo, pode melhorar, não é verdade?

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    • Paulo Cirino

      Concordo com você.

      Engraçado que parece que o Spilberg está ‘perdendo a mão’! rss

      Você viu o The Pacific? Não? Fique tranquilo não perdeu muita coisa.

      Compactuo com você na esperança de que Terra Nova seja diferente.

      É aguardar.

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  4. Paulo Cirino

    Obs.: que aula era aquela? Nada de informação, serviu apenas para aquele dialogo desnecessário entre o professor e o ator principal. “Por que fazer um robo de duas pernas?”. Tomara que melhore!

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  5. Assisti ao piloto de Falling Skies. Ainda bem! Não pretendo ver novamente, continuo com House. The Walking dead foi melhor e… melhor piloto das séries recentes de ficção pra mim… Batlestar Galactica. Mas comparar Falling Skies com BSG é covardia, não tem comparação. Desde o elenco aos efeitos, a trama, o fundo musical, tudo! Os cylons!!! Tá faltando ficção científica de verdade no mercado e Spielberg virou apenas uma etiqueta. É isso!!!

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  6. Miguel Ramos

    Já que os invasores destruíram toda estrutura militar logo na chegada, não devem estar se preocupando com grupos de humanos se movimentando à luz do dia.

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  7. Concordo com o Ricardo!

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